sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Tenho um dente do siso a nascer (sim, é verdade, ainda estou a passar por esta fase :)).

E por esse motivo ontem estava bastante KO e acabei por me ver obrigada a ir mais cedo para casa, a fazer um chazinho e a ficar na sostrice a ver um DVD emprestado por uma amiga aqui do lab. Bem, assim lamechas e muito romantico, mesmo bom um dia assim - na verdade, um dia depois ainda me sinto um pouco pink :)

A parte boa é que tive direito a um bolinho para o lanche, e fizeram-me um jantar bom e tudo e tudo e tudo. Não é por acaso que nunca mais escrevi nada sobre os meus sentimentos agridoces sobre o meu regresso. A verdade é que, deliberada e conscientemente, não quero mesmo pensar nisso porque acho que de certa forma isso me pode impedir aproveitar estes tempos da melhor maneira, e isso é a ultima coisa que eu quero.

Mas ontem, bem... foi inevitavel. Uma amiga palestiniana dizia outro dia que existe um ditado arabe que diz que "when we live together with someone for 40 days, we belong together". Eu não diria tanto va :), mas a verdade é que compartilhar assim o dia-a-dia, todos os dias, longe dos nossos, cria sem duvida laços muito interessantes, e sem querer acabamos por adoptar as pessoas de uma maneira tao subtil como verdadeira. E nestes dias assim, em que uma pessoa precisa de paz e mimo e pensa que tudo isso parece estar tao longe, é tão bom ter aqui alguém que tome conta de nos.

[E preciso de me por boa porque em breve as meninas estão ca]

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Flan Pâtissier

[não sei se é o flan como sobremesa... ou a companhia agradável com a qual se pode falar português ao almoço... ou o frio seco de um dia de inverno no jardim do luxemburgo... - mas aqui está mais uma coisa de que eu gosto (ou várias)]

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Les chercheurs c'est avant tout des gens sympas...

A investigação é uma coisa estranha (e todo um mundo novo para mim).

Quando funciona é tão bom - da uma sensação de controlo sobre este mundo tão aleatório, e uma alegria um pouco voyeurista de estar a espiar por caminhos de desconhecidos e obscuros :). E depois há alturas assim - não funciona, não se percebe porquê, aumenta a confusão, fazem-se asneiras, não funciona outra vez, ahah! agora ja se percebe porquê!!
Sim, às vezes é cansativo - dizia eu hoje ao meu colega húngaro. E ele fez-me um desenho que acho que vou guardar :) (pelos vistos, é bem conhecido, procurei-o na net e encontrei isto :)

(o meu é desenhado à mão, e por isso bem mais giro :p)

Há coisas que eu, na minha visão inexperiente, não imaginava... que o método científico tem razões que a ciência desconhece, que não ter hora de entrada é a parte boa de não ter hora de saída, que nos tornamos um pouco freaks a cuscuvilhar no pubmed se alguém anda a publicar as "nossas" coisas antes de nos o fazermos :) Sim, depois destes anos todos, este é verdadeiramente um mundo novo.
A maioria das vezes as coisas não funcionam, não se encontra nada de novo, mas qualquer pequeno resultado faz esquecer rapidamente tudo isso. E um bocadinho viciante - e se eu tentasse outra vez, sera que funcionava? :)

Um bocadinho geek, é certo. Mas não é por isso que nos tornamos piores pessoas :p
Citando o mail de uma colega minha do lab...

Les chercheurs c'est avant tout des gens sympas qui cherchent...
1- colegas com quem tomar um copo ao fim do dia
2- novos amigos, grupos e testes palermas no facebook
3- garrafas de alcool completamente cheias (e prontas a disparar)
4 - ter um ar concentrado ao computador, enquanto lêem os emails pessoais
5 - como ter um ar ocupado durante todo o dia, mesmo sem o estar realmente
6 - sudokus gratis na internet :)
7 - colegas que encubram as coisas na presença do chefe
8 - como parecer uma pessoa inteligente!
9 - como terminar uma tese sem bater mal :)
10 - como mitrar a sua experiência "acidentalmente" para sair mais cedo
11 - publicar os resultados a qualquer preço
12 - compreender os seus proprios resultados (nem sempre é facil!)
13 - boas desculpas para explicar porque se chegou ao meio-dia ao lab

e... last but not the least...
13 - encontrar congressos simpaticos em sitios com sol :D



sim, eu sei que a câmara é fraquinha! mas acordamos com os primeiros flocos de neve em Paris


sábado, 22 de novembro de 2008

Cabaret Sauvage

Aqui temos uma experiência bem sui generis: uma festa de forró e cachaça em Paris :)
Felizmente conseguimos juntar um grupinho jeitoso e lá rumamos para o norte da cidade. A dita festa aconteceu num sítio chamado Cabaret Sauvage, perto do parque de La Villette. Prometia música brasileira tocada ao vivo, uma festa dentro de uma tenda com decoração inspirada no ambiente de cabaret, e feijoada à descrição.
Mas infelizmente, quando chegamos lá, a prometida feijoada à brasileira tinha acabado... mas foi engraçado porque após alguma insistência da nossa parte na questão da comida acabaram por nos levar para os camarins dos músicos para compartilhar o jantar com os artistas :)


sexta-feira, 21 de novembro de 2008

E finalmente... fim de semana!

Ontem a noite começou com um concerto de música contemporânea do nosso vizinho Pedro, que toca saxofone, no Selmer Paris. Foi um concerto bastante original, não apenas pelo estilo de música, que confesso que não estou muito habituada a ouvir, mas também porque estava muito bem organizado, com pormenores interessantes - declamação de poemas entre as músicas (sem esquecer o nosso Fernando Pessoa), e um souvenir que consistia numa mensagem dentro de uma garrafa, no contexto do tema do concerto, As ondas segundo poetas.

Ao concerto seguiu-se um jantar num italiano lá pertinho, com os músicos e todos nós que, como bons vizinhos, decidimos comparecer :). Eu aproveitei e levei o Lisboa e a Susana, que estavam cá de visita, a um sítio menos turístico e que reflecte bem mais a minha experiência aqui em Paris :). E ainda terminamos a noite com uma visita às iluminações de Natal dos Champs Elysées, sem esquecer o inevitável choc chaud para recuperar depois - o frio ultimamente não perdoa mesmo aqui!


Foi um fim de semana em que sem dúvida a casa ficou mais pertinho, com as visitas cá! Sabe tão bem, nem que seja só por um bocadinho, podermos falar das nossas pessoas, e das nossas pequenas coisas. Espero que tenhamo gostado e só tenho pena de alguns falhanços como anfitriã - como perder-me na conversa, encantada pelo Porto, e esquecer-me de sair no metro... e ter que vos abandonar antes de chegar a Notre-Dame, qual cinderela atrás do RER :)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Serei geek...

[... por achar que isto é lindo?]
Pequenino.

Essa pergunta tímida, com medo da resposta - "mas não vais ficar a morar aí, pois não?" - e subitamente é como se fosses outra vez assim, pequenino, como sempre te vejo.

E nao é preciso mais nada para saber o tamanho da saudade.


segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Quase todos os dias...


... morro de vontade de voltar e de tristeza por saber que terei que partir.

[E este limbo é um mundo novo]

domingo, 16 de novembro de 2008

Marais & Canal Saint-Martin


O fim de semana foi, como sempre, de passeio! (sim apesar dos boatos que correm em Portugal de que a minha vida é só copos e festa, eu bem trabalho durante a semana :p !!!)
A manhã foi passada na zona do Marais, onde existem vários pontos turísticos engraçados - a place des Vosges (na foto acima, e que segundo o meu guia um pouco exagerado é uma das mais bonitas do mundo), a casa do escritor Victor Hugo, os museus Picasso e Carnavalet e ainda a Rue des Rosiers, no bairro judeu, onde experimentei o típico fallafel (yummy...)

O fallafel é um prato típico do médio oriente - e por isso popular no bairro judeu - que consiste num pão pita recheado com beringela salteada, couve roxa, pepino, cebola, tomate, hummus, molho de iogurte e uma espécie de almôndegas de grão de bico. Parece estranho, mas é mesmo bom! E parece fácil de fazer :)

À tarde aproveitamos para passear um bocadito mais longe e fomos ao canal Saint-Martin, no 10ème arrondissement.

O canal foi aberto em 1825, após Napoleão ter ordenado que se construisse um canal que abastecesse a cidade com água. Com o passar do tempo, passou a ter a função de meio de transporte de mercadorias - e, com a chegada da peste a França, de barreira geográfica do ponto de vista epidémico, pois os doentes eram tratados aqui perto, no Hôpital Saint Louis.
É também conhecido porque na sua margem existe o Hôtel du Nord, que aparece no filme (1938) com o mesmo nome. Nós... lembramo-nos dele por causa das suas pontes, e da Amélie Poulain a atirar pedrinhas ao canal :)

sábado, 15 de novembro de 2008

Parcours West III

Ontem falaram-nos dos Parcours West III - com a descrição de ser um passeio a Versailles e a duas cidadezinhas perto. Todos confiantes nesta informação, apanhamos o autocarro aqui na Cité e lá fomos.
Na verdade não tinha nada a ver :), mas foi uma boa surpresa! Afinal, os Parcours West são percursos gratuitos (com inscrição prévia, ainda assim), que param em vários lugares de exposição de arte contemporânea e depois nos apanham na volta.

O primeiro lugar onde paramos foi o Centre d'art contemporain de l'Onde, onde vimos uma curta metragem, e em seguida assistimos a uma entrevista com a realizador, num ambiente muito relaxado com bolinhos e bebidas.
Em seguida fomos a La Maréchalerie, que é a École Nationale Supérieure d'Architecture, onde tinha este trabalho bem sui generis feito por estudantes de arquitectura (sim, a arte contemporânea é uma coisa bem lata...! olha eu no meio da arte, a.k.a montes de caixotes :)
E para finalizar, uma nova voltinha ao Château de Versailles (eles ainda não tinham visto a exposição do Jeff Koons e eu não me importo nada de repetir :). Esta escultura é toda feita em flores naturais que são mudadas regularmente (que trabalhão!), e pretende simbolizar o perfil de um pónei (quando vista de um lado) ou de um dinossauro (quando vista do outro).

E o final... cansados, esfomeados e desfocados :) !!
(e ainda sem saber que nos esperava em casa um grande arroz selvagem e lombinhos de porco com uma coisa que não conseguimos identificar e achamos por bem apelidar de kunami :) ... é o que valem bons vizinhos!)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Musée du Louvre

Dispensa apresentações... é o museu mais visitado do mundo.
É um lugar onde se encontram as suas raízes originais de fortaleza destinada a proteger Paris dos vikings, ampliada por quatro séculos de reis e imperadores que recuperaram, reformaram e ampliaram a estrutura original, e as desconcertantes pirâmides de I.M. Pei.
E, estranhamente, faz sentido.

O Louvre é grátis às sextas-feiras à noite entre as 18 e as 22h, para jovens <25 anos :) E em vez de fazer uma mega-maratona, decidimos vê-lo aos bocadinhos, uma ala de vez em quando, para ser menos exaustivo e durar mais tempo.
Começamos pela pintura italiana, sem esquecer a incontornável gioconda (não tão pequenina como esperada, mas também não espectacularmente impressionante, um bocadinho fatigada de um marketing que acho que lhe tira um pouco do encanto).

Mas encanto é isto. Lindíssima. Uma sensação parecida com a de ver a pièta - esta escultura é daquelas que não cansam de olhar, delicadíssima, inspirante.

Psychè resgatada de um sono mortal pelo beijo de Cupido. Metáforas?

Antonio Canova, Cupido e Psychè (1793)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Galleries Lafayette & Haussmann @Noël

Hoje, depois do trabalho, eu e a Joanita munimo-nos de um capuccino e um muffin para enfrentar o frio (merci Starbucks!) e decidimos fazer um programa de raparigas - ver as montras e decorações de Natal das Galleries Lafayette e Haussmann. (Sim, normalmente nestes sítios é mesmo só para ver, porque as coisas são giras mas a preços impeditivos para o nosso orçamento :p)

E uma coisa que achei curiosa (e que nunca tinha visto) foi que, para além das fachadas dos edifícios, fazem pequenas cenas animadas com marionettes nas montras, o que mobiliza a miudagem toda em magote :)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Musée de l' Orangerie

Este é um segredo bem guardado...
Mesmo no cantinho entre o jardin des Tulleries e o Sena, e confesso que se não fosse a companhia nunca o descobriria :)

Tem uma história engraçada, porque começou por duas grandes salas ovais, feitas especificamente com o propósito de expor ao público a série de quadros de nenúfares que Monet doou ao estado francês. O pintor chegou mesmo a dar as especificações exactas das medidas das salas que pretendia para os seus quadros, mas infelizmente morreu poucos meses antes do museu ter aberto as portas ao público, em 1927.

O resultado final é este:


domingo, 9 de novembro de 2008

Soirée @Ave Maria


Este é um dos meus restaurantes preferido em Paris (Ave Maria, 1, Rue Jacquard, 75011 Paris). É um sítio que, logo à entrada, surpreende pela decoração kitsh com influências de várias culturas: desde móveis antigos, a imagens de Shiva, Buda e da Virgem Maria, velhos discos, sombrinhas chinesas. E janta-se debaixo de decorações de papel que formam uma verdadeira selva a partir das paredes.

A comida é sul-americana, e deliciosa. E cada prato tem um nome imaginativo - Voyage a Madras, Hakuna Matata, Woman on Top, Hakuna Matata, Le térrifian destin d'Amélie Poulet. E as sobremesas também. E a bebida da casa - que não sabemos bem o que tem, mas inclui maracujá e e se chama "bora-bora" - taaammmbémmmm ;)

(a minha Woman on Top :D)


Espera-se para entrar (não a reservas nem coisas desse tipo, é bem pequenino). Não tem multibanco. Mas vale bem a pena... e fica mesmo pertinho da discoteca da moda de cá ;)

sábado, 8 de novembro de 2008

La vie en rose


Eu quero assim - la vie en rose.
Não quero cinzentos, não quero procurar depois, não quero aceitar pela metade, não quero pensar "um dia, se possível".
Queria procurar com fé, sem medo, sem crescer, com o coração aberto - como se não soubesse o que dói quando corre mal. Como se nunca tivesse corrido mal.

Sem ceder nem um milímetro de ilusão, gastando toda a esperança, desejando toda a cor, arriscando o fracasso e o sucesso.

Para ser capaz de acreditar em procurar sem medo, viver sem remorso, entregar sem reserva.
Ter as coisas por inteiro - como a sonata em si menor de Franz Liszt, o céu estrelado de Van Gogh, a entrega do voo do Peter Pan sobre a cidade, o eterno amor efémero dos adolescentes.

[há dias assim]

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Jantar português


Esta sexta-feira fizemos cá em casa um jantar português.
Embora tenha sido uma coisa feita assim em cima do joelho (decidida num dos nossos jantares, numa onda de "era giro, vamos por aqui um papel!"), foi um jantar bem agradável.


É engraçado como, longe de casa, se dá tanto valor a coisas tão banais para nós como bacalhau à brás, azeitonas pretas e chouriça assada, queijinho e vinho tinto portugueses. E no fundo isso é também o nosso código e a nossa cultura, uma maneira de nos sentirmos próximos de casa, dos nossos pequenos símbolos. E todo o processo de cozinhar para um batalhão de gente (e comer metade da comida nos entretantos :)), a ouvir e a dançar música tuga é também um bom pretexto para se criarem laços e histórias.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Musée d'Orsay


Hoje aproveitei a visita (das visitas da Joana) para conhecer o Musée d' Orsay.
O edifício foi encomendado para ser o terminal de comboio do centro de Paris, e esteve em vias de ser demolido na década de 70, o que teria acontecido não fossem os vários protestos feitos na altura contra esse triste destino para um edifício tão encantador. E assim reabriu em 1986 como museu.

Em três pisos, distribuem-se várias peças de arte dos séculos XIX e XX - Degas, Renoir, Monet, Picasso, Manet, Rodin (e uma sala Klimt que, para muita pena minha, está em digressão pela Áustria).

É sempre emocionante ver um quadro que nos toca ali perto, ao alcance da mão.
E dá-me sempre vontade de o ver ao longe, três passos para trás - a imagem definida, conhecida, familiar - e depois mesmo pertinho da tela, a respirar o mesmo ar - a imagem ampliada que perde contexto e sentido, mas ganha os cambiantes da cor, os detalhes das pinceladas, as irregularidades da fibra e da textura.

Estes, trouxe comigo para casa. Para levar.

"Les coquelicots à Argenteuil", Claude Monet(1873)


"La meridiénne", Vincent Van Gogh (1890)

"Le bassin aux nymphéas, harmonie rose", Claude Monet (1900)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Abusou!

Lembram-se daquela musica brasileira - "você abusou..."?
Aqui no laboratorio estamos sempre a ouvir musica, e a brasileira é sem duvida um dos estilos que mais sucesso faz.

E assim descobri que a versao original dessa musica é francesa, o que nos proporcionou agradaveis e hilariantes momentos hoje.


(E uma bela musica para cantar, dançar segundo a coreografia e, porque não, tocar até para os amigos - sim, é para ti, Tiago :)

Divirtam-se também, aqui, com o Michel Fugain e os seus oiseaux :).

domingo, 2 de novembro de 2008

Paris tem outro encanto...

(... quando se compartilham as boxes-almoço da cantina sob o sol, com o verde a perder de vista e os pardais sem medo a pedirem a nossa comida... )

(... quando se tem a companhia certa para subir os 387 degraus de Notre-Dame, para finalmente estender o olhar desde o Grande Arco de La Défense, passando pela colina de Montmartre e o Sacré-Coeur, e terminar sobre as luzes da noite que nasce no Quartier Latin... )

(e para compartilhar um chocolate quente para lutar contra o frio enquanto se espera pela subida :D)

(... quando se passeia sem destino definido, à espera que o imprevisto revele os segredos da cidade... )


(... quando se escuta As Quatro Estações de Vivaldi
sob os vitrais da Sainte-Chapelle... )

(... e quando se pode oferecer esta surpresa como presente -
- vê-la assim, ao cair da noite, a dançar na escuridão.)